A autoestima cresce com o
reconhecimento de habilidades específicas e com a consciência da capacidade
decisória baseada na verdade e na justiça. Estes valores são marcos existenciais
que enriquecem a personalidade. Crendo no seu merecimento intrínseco a pessoa
humana torna-se mais compassiva diante das fraquezas dos seus semelhantes. Otimista
e solidária abrir-se-á, então, ao encontro
fraterno e confiará na reeducação dos seus irmãos envolvidos em deslizes de
conduta. Por outro lado se não for reconhecido por seus valores, o indivíduo perderá
a confiança em si mesmo e duvidará da própria competência. Não se reconhece
apto para transformar-se em alguém melhor e, por extensão, descrê da
reabilitação dos seus pares... terá a autoestima diminuída e, pessimista,
restringirá o convívio social.
A análise cultural
evidencia que na história familiar e pessoal, fatores psicológicos e factuais afetam
a personalidade no seu nascedouro, predispondo às atitudes otimista e pessimista...
posturas influentes no desdobramento das relações do sujeito consciente com a
sua circunstância. Na caminhada existencial cada um faz de si mesmo julgamento
favorável ou desfavorável mediante introspecção analítica, e quanto mais
desfavorável (pessimista) for esta apreciação, maior será a insegurança diante
das decisões existenciais.
Na dinâmica da existência
são os desejos
que impelem o ser
consciente para
a ação. E é preciso aprender
a trilhar os caminhos da sabedoria para alcançar o
equilíbrio existencial possível na realização dos anseios pessoais. Neste vir a
ser temporal marcado pela incerteza a cautela recomenda que ninguém se pavoneie
na sua melhor performance nem se rebaixe no pior desempenho. A prudência
virtuosa exige uma grande dose de humildade para aceitar o possível na luta por
algo mais, distinguindo, inteligentemente, o que se pode, do que não se pode
mudar! O pressuposto é que os homens
foram feitos para
ser feliz, pensando, sentindo, agindo livremente, numa relação
de confiança, envolvidos num fluxo de sentimentos recíprocos de aproximação. Não obstante, nesta vida é preciso aprender
a lidar com o
sofrimento inevitável, a má fé e o
desamor... é necessário estar preparado para enfrentar a doença,
a velhice e a morte. Na sua infância psíquica o
homem busca a felicidade, evitando encarar o
sofrimento... só na maturidade psicológica entende que a felicidade e o sofrimento são consequências,
e as situações originárias não são inteiramente controláveis, mas são elas que
forjam a felicidade ou o sofrimento. Para o comportamento sábio é fundamental o entendimento da natureza do sofrimento e
da felicidade, bem como o conhecimento de suas causas e contextualização de
ambos (felicidade e sofrimento) na existência
pessoal. Impõe-se para isso a análise correta
e isenta de cada situação. Conhecendo as potencialidades e limitações do ser
consciente no exercício da liberdade, podemos trabalhar as nossas
possibilidades para agir com mais segurança. A ação eficaz livra o homem da indiferença
e da depressão. A grande conquista será manter elevado o desejo
de viver, a despeito
da angústia existencial. Viver para
o amor, viver
para criar, viver para cooperar com os outros na construção de um mundo melhor. Quando fenece este
desejo, sobrevém a depressão. Portanto é
preciso vigiar permanentemente
para prevenir a insegurança, o medo, o tédio de viver. Atuando, o eu agente imprime o sinete
pessoal da sua existência através das escolhas que faz.
As ciências
ditas humanas, a psicologia, a sociologia, a antropologia
não são capazes
de dar uma solução ou resposta tranquilizadora à questão
do sofrimento humano. Mas, o conhecimento
do dinamismo psíquico
abre espaço para o controle das
dificuldades existenciais, mediante monitorização dos estados
d´alma inerentes ao infortúnio. É bom, e
dá mais segurança saber onde estamos pisando. É bom e aquieta as dúvidas
irredutíveis sopesar criteriosamente as possibilidades que se apresentam nas
situações conflituosas. Vivendo esta prática mergulhamos na vida, encarando a dor,
a velhice e a morte, correndo riscos,
ferindo-nos, sangrando e acumulando cicatrizes,
mas acabamos atravessando a existência da
única maneira possível dentro das limitações pessoais... Agiremos como parvos, covardes,
cínicos, ou heróis, mas conscientes de
que todos esses “modos de ser” devem
evoluir na linha da dignidade humana, desde que não nos falte o empenho pessoal
necessário para resgatar, respectivamente, a capacidade crítica, o valor, a
coerência e a generosidade. A atitude mais madura é a de respeito à liberdade dos outros, revestindo-se o indivíduo da coragem
de ser autêntico no seu intento de superar-se na conquista dos valores
universais, imbuído da convicção de poder alcança-los, sem ignorar as
dificuldades implícitas e possíveis derrotas.
Embora pareça ousado afirmar, o modo de enfrentar as
adversidades é uma questão de opção, e esta será tanto mais consequente quanto
maior a compreensão
do sofrimento e da dinâmica da
existência; tanto mais sábia (a opção) quanto
mais integrativa do vir a ser existencial.
Com inteligência e disciplina emocional podemos controlar as reações pessoais
diante da realidade.
Tudo depende do autocontrole e da criatividade de que formos capazes. Ajuda
muito ter ao nosso favor as crenças
positivas e o otimismo realista a que aludimos
anteriormente neste texto. Estas crenças e a expectativa do melhor geram
confiança, fazem crescer a autoestima, estimulam a criatividade e mantêm a existência num equilíbrio
prazeroso. Enfim, as escolhas existenciais nobres fertilizam a convivência
harmoniosa entre
as pessoas, proporcionando-lhes o prazer da interdependência comunitária,
numa intimidade respeitosa, sem
competitividade mesquinha... Postura que implica em adesão
irrestrita à verdade exclui todo ressentimento e qualquer
tentativa dissimulada de destilar
revolta mal contida.
Everaldo
Lopes